Amanda Costa, como é conhecida
(ou Raimunda Costa, de batismo),nasceu em Areia Branca aos 21 de novembro de
1948. Filha de família humilde, sempre gostou de cantar nos pastoris realizados
na cidade e sua voz aguda sempre era um destaque a mais nas apresentações. Em
1968 foi a vencedora da primeira edição do concurso "A Mais Bela
Voz", realizado pela Rádio Rural. Nesta entrevista, ela fala da sua
trajetória musical que a levou a mudar de nome e imortalizar a sua
musicalidade.
O Mossoroense: Como se deu os
seus primeiros contatos com a música?
Amanda Costa: Eu sempre digo que
já nasci cantando. Desde muito pequena sempre gostei de cantar. Aqui na cidade
o que me levou mais diretamente para a música foram os pastoris. Com seis ou
sete anos eu já estava nos palcos, graças as pastoris. Como eu era baixinha,
sempre ganhava o papel do pastor, que ficava por trás da personagem principal
(a Diana) e a minha mãe me ensinava as canções. Minha mãe também foi uma grande
inspiração, uma grande incentivadora. Ela me arrumava, gostava sempre que eu
fosse destaque e graças a Deus eu sempre fui, não só nos pastoris, mas em todos
os palcos por onde passei.
OM: Quando surgiu e por que a
mudança de nome de Raimunda Costa para Amanda Costa?
vei meu segundo vinil, lá no
Recife/PE, em 1986, o diretor da Continental, Valdir, juntamente com Luiz GP
Luz, dono do selo Colibri, me chamaram e decidiram que eu tinha que mudar de
nome. Achavam que o nome "Raimunda" não soava muito bem. Diziam:
"Ela é tão meiga, uma voz tão suave, este nome não pega bem". Então,
fizemos uma seleção de nomes, inclusive padre Américo e padre Alfredo sugeriram
também alguns nomes. Padre Américo queria que colocassem Salésia, porque faria
uma ligação com a salinésia. Eu pedia que escolhessem algum nome que não
descaracterizasse demais o Raimunda, que ficasse pelo menos perto, para não
mudar muito. Então decidimos por Amanda.
OM: Como foi ganhar o primeiro
concurso "A Mais Bela Voz"?
AC:Como eu falei anteriormente, eu
cantava nas escolas, nas igrejas, mas a minha grande
descoberta foi em Mossoró.
Costumo dizer que Mossoró é minha casa fora de casa. Em 1968, a Rádio Rural de
Mossoró, por meio do padre Américo Simonetti e do jornalista Emery Costa, me
levaram para cantar em um programa chamado "O Show das Dez", eu
sempre ia aos domingos, cantava algumas canções e eles foram gostando. Quando
surgiu o concurso "A Mais Bela Voz", eu me inscrevi, naquele tempo
não tinha transporte a todo tempo como hoje, como foi difícil para mim. Todas
as cidades que tinham representantes levavam as suas torcidas, caravanas. Eu
fui sozinha, minha torcida foi de lá mesmo. Eu cheguei atrasada para o ensaio.
Eu fui escolhida entre 25 concorrentes, todos de muito alto nível, como Roberto
Meus Amores, Ilo de Sousa, que ainda hoje estão cantando por aí e a banda era
Maestro Batista e seu Conjunt
OM: Quais as melhores lembranças
que você traz de sua trajetória musical?
AC: Eu tenho muita coisa boa
guardada em minha memória. Quem ganha "A Mais Bela Voz" hoje, ganha
um prêmio em dinheiro e um trofé
Naquele tempo, quem ganhasse,
passava um ano contratado pela rádio. Por meio da rádio em viajei muito,
conheci o Estado todo. Eu fui muito requisitada para shows, muito querida,
sempre fazia as aberturas. Cantei nas bandas Som 2001 e Brasil Som 2000, que
pertenciam a mesma família, depois Elo Musical, que depois viria ser The Pop
Som. Cantei com João de Deus e Zélia, com Zé Arnould. Tive a sorte de sempre
cantar com músicos bons. Aprendi muito com as bandas e continuo aprendendo. As
bandas são uma grande escola, pode acreditar. Outra boa lembrança foi quando
fui levada por Emery Costa para representar o Rio Grande do Norte na "Mais
Bela Voz do Brasil", concorri com uma dupla de cantores de São Paulo no
programa Jota Silvestre. Lembro que encontrei Sérgio Reis nos corredores depois
da apresentação e ele dizia: "Menina, não fique triste por ter ficado em
segundo lugar, você é muito boa, vá adiante". E eu nem estava triste por
isto.
OM: E Areia Branca, você nunca quis
sair da sua terra natal? Há um reconhecimento local ao seu trabalho?
que o santo de casa não obra
milagre, mas eu diria que até eu obro. Apesar de eu trabalhar pouco, mas sempre
sou chamada para abrir festas. Do jeito que eu comecei lá na minha infância, eu
continuo. Gosto de ajudar também em eventos beneficentes: festas para as mães,
festas para a igreja. Eu sempre faço isto sem cobrar cachês. Não tenho o que
falar da minha cidade. Muita gente me aconselhou a sair daqui quando eu
comecei, mas eu sou muito apegada à minha família: minha mãe, hoje com 97 anos,
minha filha, Kíria, que também é minha produtora, ela casou, me deu um neto,
então moramos juntos e eles são o meu tudo. Aqui é que eu quero estar, junto
com minha família. Eu sempre fui assim, se surgia um compromisso fora, eu ia,
mas sempre com a intenção de não demorar.
OM: Que avaliação você faz do
nosso cenário musical atual?
AC: Olhe, é fácil e difícil ao
mesmo tempo explicar. A gente tem ouvido tantas coisas, tudo
"estourando" e tem tanta coisa boa guardada. Os locutores, os
representantes dos meios de comunicação deveriam resgatar e divulgar mais estas
pessoas, estes bons trabalhos que estão guardados. Nós temos escutado muita
coisa absurda, quando sabemos que tem tanta coisa boa por aí. Nós, mes - mos,
fazemos nossos shows, mas nós não t emos muito espaço nas rádios, por exemplo.
Eu soube que Martins Coelho toca sempre músicas minhas, Jota Belmont também. E
soube que até Paulo Linhares toca de vez em quando, eu não ouvi, mas já me
falaram, então isto é muito bom e seria bom que todos fizessem assim
OM: Você é do tempo em que gravar
um disco era algo difícil. Como você vê estas "facilidades" de gravar
nos dias atuais?
AC: Hoje, com todo respeito, todo
mundo está gravando. Existem pessoas que quase todos os meses
"gravam" um CD, gravam um DVD, mas o problema é que este material
fica por ali mesmo. O problema não é gravar um trabalho, gravar pode ser fácil,
mas não é fácil fazer este trabalho repercutir, isso sim é o mais difícil
OM: Você chegou a ganhar dinheiro
com a música?
AC: Dinheiro, muito dinheiro, a
gente não ganha (risos). Músico hoje ganha muito pouco. Quando eu era
vocalista, o que eu ganhava com música era um "extra", porque eu bem
jovem, já era funcionária pública, era professora de alfabetização. Eu viajo
muito aqui no Estado: Macau, Felipe Guerra, Apodi, sempre estou cantando, e
assim como naquele tempo, estes cachês ajudam, são um "extra". Mas de
música mesmo, nós, aqui, pelo menos, não vivemos OM: Tem algum projeto em mente?
OM: Tem algum projeto em mente?
AC: Eu sou meio lenta (risos). Eu
gravei dois vinis. Fiz um show com o Trio Irakitan, pensei em transformar em um
CD, mas guardei. Tive a sorte então, de minha filha, Kíria Costa, que também é
minha produtora, me fazer uma surpresa no Dia das Mães, como se fosse assim,
uns "esbregues" pegou as fitas e gravou. Fez umas quarenta cópias,
que eu distribui. Se fosse por mim ainda estava guardado, mas agora estamos
trabalhando para ver se até novembro fazemos uma edição comercial
FONTE – O MOSOSROENSE, DO DIA 31 DE MAIO DE 2015 (DOMINGO)
Raimunda Costa, precisa colocar o nome dos seus pais na biografia.
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